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Polícia Estupros da história

Em 2022, Brasil registra maior número de estupros da história, aponta Anuário de Segurança

Em 2021, foram 68.885 ocorrências, e, em 2022, 74.930, um incremento de 8,2%. Das vítimas, 61,4% que tiveram ocorrência registrada em 2022, tinham no máximo 13 anos.

20/07/2023 13h59
Por: Carlos Valadares Fonte: G1
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Em 2022, o Brasil registrou o maior número da história de casos de estupros - considerando também estupros de vulneráveis. Segundo os dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira (20), foram 74.930 vítimas. Foram cerca de 6.244 casos por mês ou 205 registros do crime por dia.

O levantamento considera casos de ocorrências que foram informados às autoridades policiais. Como nem todos são registrados, pode haver subnotificação. De acordo com a série histórica do Anuário, 2022 teve o maior número de registros. Um crescimento de 8,2% na comparação com 2021, quando foram 68.885 ocorrências.

Segundo o Anuário, são cerca de 36,9 casos de estupro a cada grupo de 100 mil habitantes.

Das vítimas, 61,4% que tiveram ocorrência registrada tinham no máximo 13 anos. De acordo com os dados, a maior alta se deu justamente entre estupros de vulneráveis, com 8,6%. Em 2021, foram 52.057 casos registrados, e, em 2022 passou para 56.829.

O estupro de vulnerável é caracterizado por qualquer ato libidinoso contra vítima menor de 14 anos, mesmo sem conjunção carnal.

O estado que apresentou o maior índice de aumento de registros foi o Amazonas, com 50,8%. Em números absolutos, saltou de 388 para 591 casos.

"Realmente houve uma explosão de casos e, quando olhamos os dados com desagregação, notamos que o que mais cresceu foi estupro de vulnerável, que em sua maioria atinge crianças. Uma das hipóteses que trabalhamos, a partir de estudos de outros países, é que o fechamento das escolas ampliou a vulnerabilidade de crianças tanto de violência sexual, abuso sexual, quanto maus-tratos. Se você olhar os indicadores de violência contra crianças, todos crescem. Em 2020 e 2021, foram anos que tivemos muitas interrupções de dias do período letivo por conta das medidas de isolamento social e 2022 foi o momento da retomada da escola, que é o ambiente em que muitas vezes você identifica que a criança está sofrendo abuso", afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Nos casos de estupro apenas entre não vulneráveis, de 2021 até 2022 houve um aumento de 7% de casos. No ano passado, foram registradas 16.837 vítimas no país. Em 2022, o número saltou para 18.110. O estado com maior variação foi o Acre, com um aumento de 31,1% no registro de casos.

Estados com maior aumento de casos

Amazonas: passou de 603 para 836 (aumento de 37,3%)

Roraima: passou de 553 para 726 (aumento de 28,1%)

Rio Grande do Norte: passou de 696 para 881 (aumento de 26,2%)

Acre: passou de 593 para 745 (aumento de 24,4)

Pará: passou de 3.669 para 4.557 (aumento de 23,5)

O levantamento também analisou dados de tentativas de estupro. De 2021 para 2022, o número aumentou 3%, de 4.482 para 4.639. Os estados de São Paulo e Pernambuco não divulgaram dados do tipo.

Casos de assédio sexual também tiveram aumento: 48,7%. O estado de São Paulo não divulgou a quantidade de registros no ano passado.

2021: 5.202 casos no país

2022: 6.114 casos no país

Seis em cada dez vítimas têm entre 0 e 13 anos, e foram abusadas principalmente por familiares ou outros conhecidos.

10,4% das vítimas de estupro eram bebês e crianças com até 4 anos;

17,7% das vítimas tinham entre 5 e 9 anos;

33,2%, entre 10 e 13 anos;

61,4% tinham no máximo 13 anos;

Aproximadamente 8 em cada 10 vítimas de violência sexual eram menores de idade.

Na faixa que vai de 14 a 17 anos, a maior parte dos estupros ainda é de vulnerável, em situações em que a vítima, por qualquer razão, não é capaz de oferecer resistência.

Em 2022, 88,7% das vítimas se identificavam pelo sexo feminino e 11,3%, pelo masculino.

Pessoas negras seguem sendo as principais vítimas da violência sexual:

Em 2021, 52,2% das vítimas eram pretas ou pardas

Em 2022, a porcentagem de vítimas pretas ou pardas aumentou para 56,8%.

Ao traçar o perfil do agressor, foi identificado que, em 64,4% dos casos em que a vítima possui até 13 anos, o abusador é um familiar. Quando a vítima tem mais de 14 anos, em 37,9% dos casos também é um familiar.

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