Durante passagem por Feira de Santana nesta segunda-feira (21), o senador Jaques Wagner, líder do governo no Congresso Nacional, falou sobre sua participação no evento de entrega de unidades do programa Minha Casa Minha Vida, comentou a relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos, a possível criação de uma nova moeda para o bloco do BRICS e criticou duramente as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro.
“Participo de tudo que posso. Aqui ficou mais fácil porque o Congresso está em recesso. Quando está funcionando, preciso ir a Brasília no domingo e só retorno na quinta à noite, ou sexta. Hoje, graças a Deus, estou podendo me dedicar mais à Bahia”, explicou o senador sobre sua presença no evento.
Ao ser questionado sobre o momento político e comercial envolvendo os Estados Unidos, Wagner se posicionou contra o que chamou de “interferência externa” em assuntos internos do Brasil. “Estamos vivendo um momento conturbado no mundo inteiro. A extrema-direita, aqui e lá fora, tenta se reorganizar de forma perigosa, sempre flertando com o autoritarismo. No caso dos Estados Unidos, eles têm o direito de aplicar tarifas sobre produtos nossos, assim como temos o direito de tarifar os deles. Mas essa nova tarifa anunciada para 1º de agosto vai além da questão comercial: ela tenta interferir em decisões internas do país, criticando o Supremo Tribunal Federal. Isso é inadmissível”, afirmou.
Wagner lembrou que, comercialmente, o Brasil é deficitário em relação aos EUA: “Perdemos cerca de 7 bilhões de dólares por ano. Eles vendem mais para nós do que nós para eles. Aplicar tarifa nesse contexto é um erro.”
Ele ainda revelou que viajará neste fim de semana com outros sete senadores aos Estados Unidos para dialogar com o chamado “Grupo Brasil”, formado por parlamentares americanos interessados nas relações bilaterais.
“Nós não queremos guerra. Temos relações com os EUA há 206 anos, independentemente de quem governa. Mas o presidente americano precisa entender que não pode tomar partido do ex-presidente brasileiro e tentar mexer na nossa soberania. Aí não tem conversa”, declarou.
Jaques Wagner também criticou as declarações recentes do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, segundo ele, têm ferido a imagem do país no exterior. “É inadmissível que um representante do povo vá ao exterior detonar o próprio país e pedir retaliações só para tentar salvar o pai de um julgamento. O presidente Lula ficou preso por mais de um ano e só saiu depois de provar sua inocência. Isso é dignidade. Agora, usar articulação externa para pressionar instituições brasileiras é traição à pátria”, disparou.
Sobre as eleições de 2026 e possíveis candidaturas ao Senado, Wagner evitou conflitos e defendeu o diálogo. “Não há chance de rompimento entre mim, o senador Otto Alencar e o senador Ângelo Coronel. A política se faz com entendimento. Teremos um bom problema: três bons nomes para duas vagas. Rui, eu e Coronel. Vamos ter que nos ajeitar. Como dizia um amigo: a arte da política é não matar o boi e não deixar o freguês sem carne”, brincou.
Quanto à possibilidade de criação de uma moeda única entre os países do BRICS, Wagner foi cauteloso: “É uma decisão que os países têm que tomar. Não é simples, porque o dólar é a moeda internacional desde o fim da Segunda Guerra. Claro que isso traz vantagens para os EUA, mas também traz desvantagens, como a alta emissão de moeda e o aumento da dívida interna, que já ultrapassa um trilhão de dólares. Os países buscam o que é mais vantajoso para si, seja uma nova moeda, transações em moeda local ou até mesmo em produtos”, concluiu.
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