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BaianaSystem emociona público em retorno a Feira de Santana após 13 anos: “É reencontro com nossas raízes”

O vocalista também refletiu sobre a relação da banda com o Carnaval e os caminhos que a festa popular tem tomado:

01/05/2025 06h08
Por: Carlos Valadares
Foto: Carlos Valadares
Foto: Carlos Valadares

A espera de mais de uma década terminou em grande estilo. Após 13 anos sem se apresentar em Feira de Santana, a banda BaianaSystem fez um show inesquecível na noite desta terça-feira (30), como parte da pré-abertura oficial da Micareta 2025. O evento, realizado em praça pública, lotou a cidade e marcou o retorno de um grupo que leva o nome de Feira para o mundo – com som, identidade e alma.

No palco, o vocalista Russo Passapusso falou sobre o significado do reencontro: “É maravilhoso. É a sensação de voltar ao ponto onde tudo surgiu com a gente, onde a emoção brotou. Eu tenho família aqui, meu pai é de Feira. A primeira música que escrevi, Senhor do Bonfim, nasceu com esse sentimento. Feira é raiz, é parte da nossa história”.

O show também teve um valor simbólico: a apresentação com grandes representantes da cultura afro-brasileira e da música de resistência. BaianaSystem dividiu o palco com Dionorina, Lazzo Matumbi e o grupo Quixabeira da Matinha, lendas vivas da música baiana.

“Nós não formamos uma união com eles agora, nós fomos moldados por essas referências. Sem Dionorina, sem Lazzo, sem Quixabeira, não existiria BaianaSystem como vocês conhecem. Eles pavimentaram o caminho. Somos reflexo dessa cultura e dessa força”, completou Russo.

A emoção também foi sentida por Dionorina, que celebrou a participação: “Com 72 anos, fazendo Micareta desde 1982, posso dizer que estar aqui, hoje, é o maior presente e o maior cachê que já recebi. Tocar com essa nova geração, com o BaianaSystem, é ver a semente florescendo”.

O grupo foi a atração mais pedida pelo público feirense para a Micareta. A resposta veio em forma de um show potente, com um repertório que celebra a identidade negra, o som urbano e os ritmos do Recôncavo e do Sertão. O retorno à cidade teve gosto de vitória.

“A gente queria voltar de uma forma especial. Salvador e Feira têm uma ligação forte, tem gente daqui que faz parte da nossa equipe técnica, como Regivan, do Ministério Público. A nossa cultura é isso: uma teia que conecta o interior à capital”, disse Russo.

O vocalista também refletiu sobre a relação da banda com o Carnaval e os caminhos que a festa popular tem tomado: “Desde o primeiro disco a gente se pergunta: como será o futuro do Carnaval? O Navio Pirata virou um personagem que simboliza essa contramão, esse movimento de resistência cultural. A gente não sabe como será o Carnaval de amanhã, mas a pergunta precisa continuar sendo feita”.

Sobre a força do público, Russo destaca: “A energia da galera é o combustível da BaianaSystem. Vem de uma cultura de sound system, do mutirão de caixas de som, do improviso nas comunidades. É uma troca constante. Muitas letras surgem dessas imagens que ficam depois do Carnaval”.

Feirense de origem e coração, Russo reconhece na cidade uma influência vital para sua música. “Feira me ensinou sobre enraizamento. Minha família veio do DNER, meu pai tem uma história aqui. Feira é diferenciado porque é feita de várias pontas, várias raízes. E essas raízes seguem nos guiando. Nunca desistir delas é o que faz a música continuar viva”.

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