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Polícia Organização

Polícia Civil desarticula organização criminosa em Feira de Santana durante a Operação Skywalker

Também houve cumprimento de mandados em outros estados como Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.

30/04/2025 15h07
Por: Carlos Valadares

A Polícia Civil da Bahia deflagrou, nas primeiras horas desta quarta-feira (30), a Operação Skywalker, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida com o comércio ilegal de armas e munições, além do tráfico de drogas. A quadrilha tinha atuação central na região de Feira de Santana.

Relembre o caso: Polícia Civil deflagra Operação Skywalker contra o crime organizado na Bahia

A ação é coordenada pela Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim) e conduzida pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD). Estão sendo cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão, além do sequestro de bens móveis e imóveis e do bloqueio judicial de valores que ultrapassam R$ 84 milhões — sendo R$ 34 milhões em nome de pessoas físicas e R$ 50 milhões vinculados a empresas de fachada utilizadas para lavagem de dinheiro.

Foto: Carlos Valadares

Durante coletiva de imprensa no Complexo Policial do Sobradinho, em Feira de Santana, nesta quarta-feira (30),  o diretor do Draco, delegado Fábio Lordelo, explicou que a operação teve início com foco no tráfico de armas na cidade. Com o avanço das investigações, foi descoberta uma rede que também atuava no tráfico de drogas.

“Nós identificamos um fluxo financeiro entre uma advogada e o grupo criminoso, além da participação de policiais militares. Por isso, foram pedidas prisões temporárias. Todos foram presos. Em Feira, tivemos 19 alvos, dos quais 17 foram presos”, detalhou o delegado.

Foto: Carlos Valadares

Também houve cumprimento de mandados em outros estados como Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Dois empresários donos de lojas de munição em Salvador, incluindo a esposa de um deles, também foram presos.

Segundo Lordelo, quase 40 armas de fogo foram apreendidas, todas devidamente lacradas conforme os trâmites legais para preservar a cadeia de custódia e permitir a realização de perícias. O delegado destacou que a investigação segue em curso e que a real participação de outros policiais e agentes públicos ainda será delineada.

“Estamos tirando de circulação armas de fogo durante a Micareta, o que preserva vidas. Além disso, estamos descapitalizando a organização criminosa, o que é fundamental para enfraquecê-la”, afirmou.

Os presos foram encaminhados para unidades distintas. Aqueles detidos fora da Bahia permanecem nos estados onde foram capturados. Os policiais militares, por força de lei, foram conduzidos ao batalhão.

Foto: Carlos Valadares

O coordenador regional da Polícia Civil, delegado Yves Correia, enfatizou o impacto positivo da operação.   “Estamos inaugurando o dia da Micareta com uma ação de grande envergadura. Essa operação atinge diretamente os índices de homicídio e mostra que a Polícia Civil está qualificada, trabalhando com inteligência financeira e atingindo também o colarinho branco. Tudo isso resulta em mais paz para Feira de Santana”, concluiu.

Defesa alega que não teve acesso aos autos e confia na inocência da advogada

Foto: Carlos Valadares

O advogado Caio Vitor, que representa a advogada presa durante a operação, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito policial e, por isso, considera precipitado qualquer juízo sobre o suposto envolvimento da cliente na organização criminosa.

 “Gente, não tem como dizer se ela tem envolvimento ou não, porque eu sequer tive acesso aos autos. A defesa está aqui desde, acho que 8 da manhã. Não foi permitido acesso nem pelo Draco, a delegacia responsável, a equipe responsável pela operação e pela prisão, nem pelo juízo. É um procedimento normal, na verdade, eles terminaram as diligências para poder passar cópia dos autos para o advogado. Então agora é precipitado eu dizer qualquer coisa. Mas assim, antes de mais nada, eu confio na inocência da minha cliente, né? É uma advogada que é conhecida na cidade pela sua índole, pelo seu trabalho. Então, chega a causar estranheza, na verdade, essa diligência da Polícia Civil”, declarou o defensor.

Questionado sobre a acusação de que a advogada teria movimentado mais de R$ 6 milhões para a suposta organização, Caio Vitor reforçou que não tem informações concretas por falta de acesso aos autos.

“Veja bem, essas são questões de mérito. Ainda vão ser discutidas na fase de instrução, quando vêm as audiências. Agora a gente está mais atento às questões ligadas à legalidade ou não da prisão dela. Mas ainda não me passou nada, até porque, como eu disse, a gente não teve acesso. Não dá sequer para entender a que eles estariam ligando essas movimentações financeiras e se realmente isso condiz com a verdade, ou se, talvez, tenha sido um equívoco durante as investigações.”

Sobre o futuro da advogada, o advogado destacou que ela deve passar por audiência de custódia e que a defesa buscará garantir que os direitos dela, como profissional da advocacia, sejam respeitados.

“Antes de mais nada, a gente tem que lembrar que, como advogada, ela tem prerrogativas, direitos que a lei garante, dentre outras coisas, estar custodiada numa sala de Estado Maior, assim como magistrados em casos de prisão processual. O que a gente precisa agora é pensar em como ela vai ter seus direitos respeitados, saber se vai ser custodiada aqui, na carceragem da Polícia Civil, o que seria inadequado nesse momento, ou para onde ela seria removida.”

Caio Vitor disse que sua cliente nega qualquer envolvimento com o crime e que apenas exercia sua profissão.  “Basicamente, ela me disse que estava exercendo a profissão dela. Ela é advogada criminalista, atua já há alguns anos e prestou serviços a clientes que a contrataram. Nada além disso. Recebeu seus honorários, mas a gente não sabe se vultuosos, se poucos. Isso vai ser esclarecido ao longo do processo.”

Por fim, sobre a acusação de que a cliente teria atuado como operadora financeira da organização criminosa, o advogado voltou a dizer que é cedo para qualquer afirmação. “Ainda é precipitado para eu poder falar qualquer tipo de coisa. A defesa vai se manifestar no processo e, até o momento, o que se tem é que a doutora Andressa é uma advogada, uma profissional habilitada a trabalhar como criminalista, e simplesmente prestou serviços para clientes que a contrataram.”

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