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Vice-diretora de colégio em Feira de Santana é acusada de discriminação contra aluna e pai

O pai da estudante, ao tomar conhecimento do áudio, registrou uma queixa no complexo de delegacias do bairro Jomafa, relatando ofensas à filha e a ele próprio

01/11/2024 15h11 Atualizada há 11 meses
Por: Carlos Valadares

No dia 30 de outubro, em Feira de Santana, a vice-diretora do Colégio Estadual Professora Ana Alice Figueiredo dos Santos, Graciela S. S. Sena, foi acusada de proibir uma aluna do sétimo ano, identificada pelas iniciais M.O.M., de acessar o pavilhão da escola. O episódio gerou polêmica após a divulgação de um áudio em que a vice-diretora teria ofendido a aluna e feito comentários discriminatórios sobre o pai dela por causa de suas tatuagens.

O pai da estudante, ao tomar conhecimento do áudio, registrou uma queixa no complexo de delegacias do bairro Jomafa, relatando ofensas à filha e a ele próprio. Além disso, os pais da aluna foram ao Tribunal de Justiça do Estado da Bahia para registrar uma queixa penal contra a vice-diretora e, em seguida, formalizaram a denúncia no Núcleo Terrotorial de Educação (NR-19). Segundo a ouvidoria do NR-19, o caso será analisado, e a escola poderá ser solicitada a se retratar formalmente.

Foto: Carlos Valaadres

Maiane Oliveira relatou o episódio envolvendo sua filha, aluna do Colégio Estadual Professora Ana Alice Figueiredo dos Santos. Segundo ela, a filha tentou acessar outro pavilhão da escola para buscar um livro, acompanhada de colegas, mas foi impedida pela vice-diretora Graciela S. S. Sena, que alegou haver uma pendência. Em seguida, a vice-diretora, em um ato que Maiane classificou como infeliz, gravou um áudio em um grupo de professores e funcionários, chamando sua filha de “cobra” e insinuando que o pai dela seria “marginal” devido às tatuagens.

Maiane afirmou que, ao ouvir o áudio, procurou a Delegacia de Jomafa, onde registrou queixa, e depois foi ao Tribunal de Justiça para denunciar o caso criminalmente. Ela também recorreu ao Núcleo Regional de Educação, onde formalizou uma ocorrência e solicitou o afastamento da vice-diretora, destacando a necessidade de uma educadora ter habilidade para lidar com jovens e adolescentes sem discriminação.

“Estamos em pleno século XXI, e ver esse tipo de preconceito em uma profissional da educação é inadmissível. Eu, como alguém da área de comunicação, acredito que a educação transforma, mas me choca quando vejo uma educadora com atitudes tão preconceituosas”, desabafou Maiane.

Ela também mencionou o constrangimento sofrido pela filha em função dos comentários discriminatórios: “O fato de alguém ter tatuagens não define caráter. Meu esposo é trabalhador e não tem antecedentes criminais. Esse tipo de preconceito só reforça estigmas sem fundamento. Não podemos permitir que atitudes assim passem impunes.”

Maiane relatou ainda uma situação de represália dentro da escola, com a vice-diretora ignorando a presença dela e fazendo comentários sarcásticos para familiares. Em outro momento, a vice-diretora teria ameaçado expor seu filho, que trabalha como jovem aprendiz em um mercado próximo, dizendo que relataria seu comportamento escolar no trabalho. Maiane concluiu afirmando que a conduta da vice-diretora “não condiz com a de uma educadora” e que espera que a instituição tome as devidas providências.

Foto: Carlos Valadares

A professora Daniela Cordeiro, diretora do Colégio Estadual Professora Ana Alice Figueiredo dos Santos, antigo Colégio Polivalente, pronunciou-se sobre o caso. Segundo ela, o colégio está tomando as devidas providências diante da denúncia apresentada pela mãe da aluna, Maiane Oliveira.

"A postura do colégio é primeiramente entender onde se encontram as queixas para que possamos nos retratar com a família, incluindo, se necessário, um pedido público de desculpas. Estamos encaminhando o caso aos setores competentes, como o colegiado escolar, para que possamos dialogar com a família posteriormente. Concordamos que houve um excesso na fala da vice-diretora, e precisamos conversar sobre isso com todos os envolvidos," explicou.

A professora afirmou ainda que não há registros anteriores de ocorrências desse tipo na escola. "Que eu saiba, não temos o hábito de gravar áudios sobre alunos ou de fazer comentários dessa natureza. Foi um caso isolado que gerou essa fala acalorada no grupo de mensagens, mas estamos acionando todas as instâncias necessárias para organizar o caso e tratar o assunto de maneira adequada."

Sobre a relação entre a família e a escola, Daniela comentou que a mãe da aluna já compareceu à escola em outras ocasiões, como em reuniões pedagógicas e momentos de comunicação com os responsáveis. No entanto, até agora, não houve uma conversa específica entre a família e a escola sobre essa situação.

O Núcleo Territorial de Educação (NTE) 19, responsável pela administração regional das escolas, ainda está se inteirando do caso, e a direção espera que o contato oficial seja estabelecido em breve para discutir as medidas a serem tomadas.

Quanto à permanência da vice-diretora em suas funções, a professora confirmou que ela continua exercendo suas atividades normalmente, estando disposta a dialogar tanto com a família quanto com o NTE. "Acredito que foi um momento infeliz da vice-diretora. Conversei com ela e reconhecemos que houve excesso na fala. Precisamos ser cautelosos, pois as redes sociais hoje amplificam nossas ações, mas, se houve erro, estamos prontos para reconhecer e corrigir,” finalizou.

Com informações: Carlos Valadares

Por: Mayara Nailanne

 

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