Os comerciantes instalados às margens da rodovia em Feira de Santana foram surpreendidos com uma notificação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que determinou a saída imediata dos estabelecimentos. O prazo, de apenas 30 dias, venceu no último sábado (17), deixando em situação de incerteza famílias que há décadas dependem do trabalho no local.
Keila de Jesus Silva, proprietária da Churrascarella Conga, afirma que recebeu a notificação em 16 de julho, mas até agora não houve diálogo ou proposta de realocação.“Eles só disseram que a gente teria que sair, pronto. Fomos até o DNIT, tentamos uma negociação, mas não tivemos retorno. Recorremos com um advogado para tentar uma mediação, buscando uma contrapartida, mas não obtivemos nenhuma resposta até agora. Enquanto não há máquina aqui, continuamos trabalhando”, contou.
Foto: Carlos Valadares
Segundo ela, o restaurante é um negócio familiar que existe há mais de 30 anos.“Meu sogro começou tudo. Depois da pandemia, quando ele teve um AVC, passou as responsabilidades para o meu marido. Eu também vim ajudar e hoje trabalhamos juntos: eu, meu esposo, minha irmã, meu irmão, minha prima e até meu sogro, que ainda acompanha o comércio. Ao todo, são cinco pessoas aqui e outras famílias vizinhas, cerca de 14 no total, que podem ficar desempregadas se a retirada acontecer dessa forma brusca, sem prazo ou negociação”, lamentou.
Rosimeira e Silva, também comerciante da área, destaca que o prazo dado foi inviável para quem tem um ponto fixo e investiu no local.“Fomos pegos de surpresa. Trinta dias é muito pouco para arrumar outro espaço, principalmente porque envolve custos. Aqui nós compramos, investimos, está tudo registrado e legalizado. Não estamos contra a obra, nem contra a mudança da via, mas queremos mais prazo para nos organizar e uma indenização que compense o que foi investido. A gente não trabalha aqui por esporte, é o sustento da família. Eu, por exemplo, tenho cinco irmãs que dependem dessa renda”, relatou.
Foto: Carlos Valadares
Ela lembra que o comércio no ponto já existe há mais de 40 anos e que os empreendedores tinham ciência de que o projeto poderia um dia chegar, mas não esperavam a medida de forma tão imediata. “Sabíamos que poderia acontecer, mas não assim, de uma hora para outra. O que pedimos é segurança: um prazo maior, uma indenização, uma contrapartida que nos ajude a recomeçar em outro lugar”, reforçou.
Incertezas
Foto: Carlos Valadares
Até o momento, os comerciantes afirmam não terem recebido qualquer proposta do DNIT além da ordem de desocupação. Todos recorreram a advogados para tentar estender o prazo e garantir algum tipo de compensação.
Enquanto aguardam resposta, as famílias seguem mantendo seus negócios em funcionamento, sem saber até quando poderão permanecer no local.
Com informações: Carlos Valadares
Por: Mayara Nailanne
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